Cadernos Pagu publica Dossiê Tecnopolíticas de Gênero

A Revista Cadernos Pagu é parte das iniciativas de disseminação de conhecimento do Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu da Universidade Estadual de Campinas. A publicação é quadrimestral interdisciplinar e tem como objetivo contribuir para a ampliação e o fortalecimento de estudos de gênero, sobretudo a produção realizada no Brasil com o intercâmbio de conhecimento internacional sobre a problemática.

A Edição 59 da Revista Cadernos Pagu traz o Dossiê Tecnopolíticas de Gênero com artigos com temáticas variadas a partir da discussão tecnológica e de diversas pesquisadoras do país. Dentre as publicações há, por exemplo, o artigo Tecnologias, infraestruturas e redes feministas: potências no processo de ruptura com o legado colonial e androcêntrico de Débora Prado de Oliveira, Daniela Camila de Araújo e Marta Mourão Kanashiro, Digitalizando o cuidado: mulheres e novas codificações para a ética hacker de Graciela Natansohn e Josemira Reis e Corpos transmasculinos, hormônios e técnicas: reflexões sobre materialidades possíveis de Érica Renata de Souza.

Dulci Lima e eu escrevemos o artigo Negras in tech: apropriação de tecnologias por mulheres negras como estratégias de resistência, que teve como objetivo analisar o levantamento da PretaLab sobre a inserção de mulheres negras e indígenas nas TICs. Além disso, aplicamos, a partir dos 15 projetos mencionados pelas entrevistadas, a Análise de Redes Sociais na Internet (ARS). Vimos que as mulheres negras buscam dominar as tecnologias, a fim de propor soluções para as brechas tecnológicas e fazer uso social das habilidades adquiridas.

Clique aqui para acessar o artigo

e aqui para ver o dossiê.

Livro reúne pensamento sobre a relação entre tecnologia e questões raciais, por autores brasileiros, africanos e afrodiaspóricos

O livro “Comunidades, Algoritmos e Ativismos: olhares afrodiaspóricos” busca combater uma lacuna na academia brasileira: reflexões sobre a relação entre raça, racismo, negritude e branquitude com as tecnologias digitais como algoritmos, mídias sociais e comunidades online.

Organizado por Tarcízio Silva e publicado pela editora LiteraRUA, a obra reúne 14 capítulos de pesquisadoras e pesquisadores provenientes do Brasil e países da Afrodiáspora e África, como Congo, Etiópia, Gana, Nigéria, Colômbia, Estados Unidos e Reino Unido.

O capítulo de abertura é de Ruha Benjamin, ativista e professora da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Pela primeira vez traduzido ao português, seu trabalho discorre sobre a “imaginação carcerária” imbricada nas tecnologias do Ocidente, da escravidão até o reconhecimento facial de hoje.

Textos estrangeiros inéditos e atualização e redação de publicações selecionadas de brasileiras/os, o livro colabora com a crescente complexificação do pensamento sobre a comunicação digital e internet resultante da diversificação dos olhares e falas nos espaços acadêmicos.

O rapper, compositor e empresário Emicida assina o prefácio, onde pontua que “se a essência das redes sociais é a conectividade, está para nascer uma que cumpra seu papel com mais eficácia do que um tambor”. Com vários pontos de vista, os temas abordados incluem a matemática na divinação Ifá, ativismo político, transição capilar, blackfishing, afroempreendedorismo, Black Twitter, contra-narrativas ao racismo e métodos digitais de pesquisa apropriados à complexidade das plataformas, algoritmos e relações de poder incorporadas nas materialidades digitais racializadas.

A publicação está disponível em versão digital gratuita, graças ao apoio do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados, e em pré-venda da versão impressa no site da editora LiteraRUA.

#BlackInAI: Reflexões sobre o passado, o presente e o futuro

Entre os dias 8 e 14 de dezembro acontece a 33ª #Neurips Conference (Neural Information Processing Systems) em Vancouver, Canadá. A proposta do encontro é reunir pesquisadores, profissionais e empresas para discutir inovações, tendências, aspectos éticos e políticos da área de sistemas (IA, ML, NPL, etc). O escopo do evento abarca palestras com pesquisadores, workshops, partilha de estudantes, apresentações de posteres, eventos sociais, networking e tudo o mais que um grande evento pode proporcionar.

Dentre as diversas atividades do #Neurips há um dia inteiro dedicado a discutir temas pautados em diversidades, então na segunda-feira (9/12) ocorreram os workshops específicos sobre Mulheres na Machine Learning, Latinxs na Inteligência Artificial, Queer na Inteligência Artificial, Judeus na Machine Learning, Pessoas com Deficiência na Inteligência Artificial e Black in AI. Foi por intermédio deste último, o Black In AI, que eu e um grupo de brasileiros recebemos grants para participar do evento.

Pesquisadores da UFMG, UnB, PUC/MG, UFAM, UFBA e UFABC.

Essa é a terceira vez que o Black In AI ocorre na programação do #Neurips e o grande objetivo é refletir sobre as atuais condutas e os seus processos, pensar alternativas para fatores problemáticos a partir do viés racial e imaginar ações possíveis para um futuro mais adequado em relação aos impactos sociais da tecnologia, sobretudo na Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina.

Taís Oliveira, Tarcízio Silva e Rodolfo Avelino: doutorandos do Programa de Ciências Humanas e Sociais da UFABC.

O workshop contou com breves apresentações de trabalhos desenvolvidos por pesquisadores e palestras de Elaine Nsoesie da Universidade de Boston, Sarah Menker da Gro Intelligence e Matthew Kenney da Duke University. Para encerrar o workshop esses três pesquisadores compuseram uma mesa para discutir trajetórias, contemporaneidade e perspectivas para um futuro com recortes críticos e éticos nas áreas de Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina, sobretudo para diminuir consequências negativas de processos falhos.

É possível assistir as falas pela plataforma SlideLive: Matthew Kenney, Sara Menker e Elaine Nsoesie.

Em outro ambiente ocorreram as apresentações de posteres de estudantes e profissionais sobre diversos temas relacionados a aplicações e projetos nesses dois tópicos. Dentre os brasileiros que tiveram seus trabalhos expostos estavam Mírian da Silva, da UFMG com seu trabalho sobre identificação de similaridades entre sequências biológicas; Milena Tenório da UFAM sobre representação lógica; Rodrigo Martins da PUC – Minas sobre otimização de e-commerce; e Ramon Vilarino da Serasa Experian sobre explicabilidade e diversidade em escores de crédito.

O #Neurips acontece até sábado com uma programação enorme e diversa e ainda sobre o BlackInAI, na sexta-feira tem um jantar especial que contará com as presenças de Ruha Benjamin e Charity Wayua. Voltarei aqui com os updates da semana! 😉

Editora Atena lança coletânea sobre comunicação

Acaba de ser lançada a coletânea “A Influência da Comunicação” da Editora Atena, sob organização de Marcelo Pereira da Silva.

O e-book conta com 25 artigos divididos em 3 partes: a primeira engloba discussões a respeito da influência do jornalismo em suas muitas nuances na sociedade contemporânea; a segunda envolve a influência do ensino, políticas públicas, comunicação de marcas e participação social; e a terceira abarca a influência da comunicação no contexto das redes/mídias sociais da internet.

Meu artigo Redes Sociais na Internet e a Economia Étnica: breve estudo sobre o Afroempreendedorismo no Brasil integra a coletânea, que pode ser baixada gratuitamente aqui.

Contornando Invisibilidades: Curadoria e Resgate de Conhecimentos Negros

Na semana passada ocorreu o curso Humanidades Digitais Negras, que teve como objetivo debater as relações étnico-raciais permeados pelo ambiente digital à luz dos estudos sobre a Black Digital Humanities. As aulas foram conduzidas por Tarcízio Silva, Morena Mariah, Larisse Pontes, Fernanda Souza e eu.

A aula Contornando Invisibilidades: Curadoria e Resgate de Conhecimentos Negros propôs a reflexão sobre como as tecnologias negras foram determinantes para o desenvolvimento econômico do país e como, na contemporaneidade, coletivos negros vêm utilizando as ferramentas tecnológicas para compartilhar conhecimentos e ideias (ideais).

Com base em trabalhos desenvolvidos desde 2017 a respeito do tema e de resultados da dissertação, foram apresentados ações de cunho político-social e perfil do movimento Afroempreendedor no Brasil.

Abaixo disponibilizo a apresentação e as referências utilizadas nesta reflexão.

Contornando Invisibilidades: Curadoria e Resgate de Conhecimentos Negros from Taís Oliveira