À primeira vista, a escrita acadêmica parece um dom misterioso concedido a poucos, além disso lidar com as regras, ABNT, estratégias e outras dezenas de macetes é desafiador e pode desanimar alguns, mas tudo é questão de entender as regras do jogo e colocar o aprendido em prática para aperfeiçoamento.
Em 2020 diversos conteúdos sobre escrita acadêmica pipocaram na timeline, então aproveitando este começo de ano e a revisão das metas acadêmicas disponibilizo aqui uma curadoria de conteúdos sobre escrita e vivência acadêmica que poderão elucidar alguns tópicos dessa jornada.
Começando pelo curso de Escrita Acadêmica promovido pela Professora Rosana Pinheiro-Machado com a participação das pesquisadoras Winnie Bueno, Fhoutine Marie e do pesquisador Cristiano Rodrigues.
O canal da Jeniffer Geraldine, em especial os vídeos sobre como o journaling a ajudou com bloqueio da escrita acadêmica e a experiência de Eloy Vieira no doutorado sanduiche.
O canal Extensão UFRJ tem uma série de vídeos sobre Introdução à Escrita Acadêmica, Extensão e Pesquisa com foco nas intersecções entre Gênero, Sexualidade e Relações Raciais.
Palestra com o Professor Doutor João Gabriel do Nascimento Ngana sobre Notas introdutórias: conversando sobre conceitos e trajetórias de negros e negras no Brasil.
A roda de conversa sobre trajetórias negras na pós-graduação com Daiane Almeida, Vanilda Santos, Antônio Nadson e Michael França.
A palestra com a Professora Mestre e Psicóloga Luisa Parreira Santos sobre saúde mental de estudantes negras e negros.
A oficina sobre como elaborar o currículo Lattes com apresentação de Lúcia e Toledo França Bueno.
O canal Tese da Minha Vida da Professora Viviane Gonçalves Freitas tem uma série de vídeos nas temáticas que perpassam a trajetória acadêmica, desde inquietações, rede de apoio, superações, entre outros.
Os grupos e laboratórios de pesquisa são importantes territórios de desenvolvimento de saber, reflexões, produção e difusão acadêmica. Geralmente organizados dentro de temáticas específicas e coordenados por professores especialistas da instituição de ensino onde está alocado o grupo.
Abaixo uma lista com 10 grupos e laboratórios de pesquisa relacionados aos temas tecnologia, raça, gênero e comunicação acompanhado de links de seus respectivos sites, professores coordenadores e materiais produzidos e disponibilizados de forma gratuita, em sua maioria.
O GIG@, coordenado pela professora Graciela Natansohn, é um grupo de pesquisa associado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (PósCom/UFBA) que desenvolve pesquisa na área da interface entre a cultura, a comunicação e as tecnologias digitais. Focaliza nas relações de gênero e em como estas modelam tanto os produtos digitais, como os processos de produção, circulação, uso, consumo e transformação das inovações tecnológicas. Possui duas linhas de pesquisa principais: apropriações tecnológicas e teorias de gênero, Comunicação, representações e mídias digitais.
Conheça aqui as produções acadêmicas e baixe o livro Internet em código feminino: teorias e práticas.
O LabLivre, da Universidade Federal do ABC, é um espaço de pesquisa e de articulação entre os saberes da academia e a experiência das comunidades de software livre para aprimorar processos de gestão, desenvolver e ou aperfeiçoar soluções de softwares livres para a criação e produção artística, organização e distribuição de bens culturais.
O DigiLabour, que tem como coordenador o professor Rafael Grohmann, é um laboratório de pesquisa relacionado ao Mestrado e Doutorado em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). O grupo é focado em temas trabalho em plataformas e plataformização do trabalho; cooperativismo de plataforma, autogestão e arranjo alternativos de trabalho; perfis e condições de trabalho de profissionais de comunicação e da indústria criativa; organização coletiva de trabalhadores e tecnologias digitais; algoritmos e inteligência artificial no trabalho; dataficação e vigilância no trabalho; circulação de sentidos em relação ao mundo do trabalho; materialidades do trabalho em plataformas; relações de comunicação no mundo do trabalho; circuito produção-consumo e cultura digital.
O DigiLabour também mantém uma newsletter semanal e aqui é possível conferir uma série de entrevistas com pesquisadores e outros atores relacionados às temáticas do laboratório.
O MIDIARS, coordenado pelos professores Raquel Recuero, Gabriela Zago e Marco Toledo Bastas, é um grupo de pesquisa interinstitucional que tem como objetivo unir diferentes áreas de pesquisa, como a Ciência da Computação, o Design, a Ciência Política, a Linguística Aplicada e a Comunicação dentro de uma mesma perspectiva interdisciplinar de estudos de redes.
O grupo trabalha principalmente com questões relacionadas à Democracia, Eleições e Mídia Social e à Violência e Mídia Social, disponibiliza datasets de acesso aberto e aqui é possível conferir todas as publicações acadêmicas.
O LabCom, da Universidade Federal do Maranhão e coordenado pelo professor Márcio Carneiro dos Santos, desenvolve projetos na fronteira entre a Comunicação e a Tecnologia orientados à pesquisa aplicada e guiados pela proposta epistemológica da Design Science. Utilizam bases tecnológicas emergentes como Realidade Aumentada, Realidade Virtual, Internet das Coisas (IoT), Big Data e Inteligência Artificial explorando sua aplicação nas Ciências Sociais e no campo da Comunicação.
O grupo desenvolveu as ferramentas LNEWS e LTWEET para a coleta de textos de sites jornalísticos ou Twitter, além disso há uma série de vídeos sobre métodos digitais.
O Gamer/Lab, coordenado pelo professor José Carlos Messias, tem como objetivo se aprofundar na criatividade como forma de educação, ativismo e também de pertencimento em redes de sociabilidade. Além de games, o grupo se organiza em três linhas de pesquisa: Cognição Corporificada, Materialidades e Tecnologias da Comunicação; Crítica Pós-colonial da Ciência e Tecnologia da Mídia; e Humanidades Digitais e Letramento Midiático.
O Coragem, da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenado pelos professores Laura Guimarães Corrêa e Pablo Moreno Fernandes, as temáticas do grupo foram convergindo para os estudos sobre comunicação, gênero e raça, e o nome CORAGEM vem explicitar a ênfase na pesquisa das práticas comunicativas, principalmente as midiáticas, a partir de uma abordagem interacional e interseccional.
Segundo a descrição na página do grupo “CORAGEM vem da raiz latina cor, a mesma de “coração”. O nome traz também a “cor” dos tons de pele, de corpos que carregam identidades, saberes e resistências. É preciso coragem para escrever do nosso ponto de vista na academia – sabemos que todo saber é localizado –, para pensar na primeira pessoa junto com quem veio antes, para ler autora/es contemporâneas e aquelas que estiveram excluídas das bibliografias há tempos”.
O R-EST, também da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenado pelo professor Carlos D’Andréa, tem como foco o estudo sobre plataformas online, algoritmos, política de dados e demais temas relacionados a partir dos Estudos de Ciência e Tecnologia. O grupo tem duas principais linhas de pesquisa, a Plataformas online, algoritmos e métodos digitais e Mídias, tecnologias e controvérsias nos esportes.
O Núcleo de Estudos e Observações em Economia Criativa, da Unesp e coordenado pelo professor Juarez Xavier, estuda a economia criativa e seus desdobramentos em quatro vertentes: artes, mídias, inovação tecnológica, patrimônio material e imaterial.
Nos anos de 2015 e 2017, o NeoCriativa mapeou grupos que trabalham com economia criativa na cidade de Bauru, em São Paulo. Foram identificados 53 arranjos criativos, dos quais 25 foram catalogados e fazem parte deste mapeamento.
Ocorreu, de modo online, entre os dia 6 e 12 de dezembro o Neurips 2020 e dentro da programação de comunidades e diversidade a 4ª edição Black in AI. O workshop teve como atividades as invited talks, contributed talks, painéis e bate-papo com profissionais e pesquisadores, além de mentorias e apresentação de posters de estudiosos de diversos países, inclusive do Brasil.
Entre os palestrantees convidados estavam Muyinatu Bell, Cyril Diagne, Siobahn Day Grady que falou sobre desinformação e a professora brasileira Sônia Guimarães que apresentou sua trajetória como pesquisadora, professora do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e as diversas iniciativas de inserção de pessoas negras na academia.
A Revista Cadernos Pagu é parte das iniciativas de disseminação de conhecimento do Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu da Universidade Estadual de Campinas. A publicação é quadrimestral interdisciplinar e tem como objetivo contribuir para a ampliação e o fortalecimento de estudos de gênero, sobretudo a produção realizada no Brasil com o intercâmbio de conhecimento internacional sobre a problemática.
Dulci Lima e eu escrevemos o artigo Negras in tech: apropriação de tecnologias por mulheres negras como estratégias de resistência, que teve como objetivo analisar o levantamento da PretaLab sobre a inserção de mulheres negras e indígenas nas TICs. Além disso, aplicamos, a partir dos 15 projetos mencionados pelas entrevistadas, a Análise de Redes Sociais na Internet (ARS). Vimos que as mulheres negras buscam dominar as tecnologias, a fim de propor soluções para as brechas tecnológicas e fazer uso social das habilidades adquiridas.
Apesar das controvérsias, o Twitter ainda é uma excelente plataforma para conhecer pesquisadores e discussões interessantes. Pensando nestas vantagens, segue lista com 20 pesquisadores para acompanhar o trabalho e as conversas durante esse próximo ano.