“As mídias tradicionais são passivas. As mídias atuais, participativas e interativas. Elas coexistem. E estão em rota de colisão. Bem-vindo à revolução do conhecimento. Bem-vindo à Cultura da Convergência“.
Esse é a chamada na capa do livro de Henry Jenkins, A Cultura da Convergência, que retrata vários aspectos das mudanças da comunicação tradicional em relação aos avanços da internet e da tecnologia. O livro todo é embasado em exemplos reais, o que facilita a compreensão dos conceitos debatidos. O autor fala de comunidades do conhecimento e exemplifica como o programa Survivor dos Estados Unidos e cita por diversas vezes Pierry Lévy e a inteligência coletiva. Jenkins fala também de como os fóruns na internet influenciaram a audiência do programa American Idol (no Brasil, “Ídolos”).
O capítulo que mais gostei foi o que fala de narrativa transmídia, que utiliza a franquia do filme Matrix como exemplo. Até assisti o filme outra vez, já que no livro ele retrata alguns detalhes que passaram despercebidos sem as informações adicionais. A ênfase é dada ao fato de que para entender completamente a trama é preciso consumir os filmes, os gibis, os games, etc., pois um se interliga ao outro somando informações. Ainda nos filmes, mas em outro capítulo com a mesma temática, o autor cita as produções alternativas dos fãs de Guerra nas Estrelas e um debate muito paradoxal sobre direitos autorais e a atuação dos fãs. Qual o limite da licença poética? O que é plágio? Vale a pena entrar em “guerra” com os fãs (maiores consumidores da franquia)?
No capítulo seguinte, o autor cita a atuação de alguns seguimentos religiosos e educacionais em relação aos livros da saga Harry Potter, a proibição da permanência dos livros nas escolas, a atuação das igrejas em relação aos misticismo contido na trama e como as crianças de vários lugares do mundo usaram sua criatividade para escrever suas próprias experiências tendo a história do menino bruxo como referência.
No início do livro, Henry diz que são muitos os exemplos de intervenção dos fãs em produtos de entretenimento e muitos em que é possível dizer que houve a convergência plena das mídias, mas que surgiria o dia em que o poder da internet e da tecnologia seria utilizado para algo “mais sério” e é assim que ele finaliza a obra, citando o case das eleições no Estados Unidos durante a campanha de 2004. Conclui dizendo que a internet não acabará com meios de comunicação tradicionais, mas que na verdade elas coexistirão já que por diversas vezes a internet pauta a mídia de massa e vice-versa.
A leitura do livro é muito leve e instigante e eu, particularmente, já tinha certo conhecimento dos conceitos debatidos no texto. Talvez isso tenha somado na compreensão total. De maneira geral, o livro é muito importante e é uma boa referência bibliográfica para quem atua ou pretende atuar no meio digital.
* Artigo publicado em setembro de 2013 no Versátil RP
Livro de convergência