APIS de visão computacional: investigando mediações algorítmicas a partir de estudos de bancos de imagens

O artigo publicado recentemente na Revista Logos é parte dos resultados do projeto Interrogating Vision APIs realizado no Smart Data Sprint 2019 e elaborado por Tarcízio Silva, André Mintz, Taís Oliveira, Helen Takamitsu, Elena Pilipets, Hamdan Azhar e Janna J. Omena.

O artigo apresenta resultados de estudo sobre Interfaces de Programação de Aplicações (API, na sigla em inglês) de visão computacional e sua interpretação de representações em bancos de imagens. A visão computacional é um campo das ciências da computação dedicado a desenvolver algoritmos e heurísticas para interpretar dados visuais, mas são ainda incipientes os métodos para sua aplicação ou investigação críticas.

O estudo investigou três APIs de visão computacional por meio de sua reapropriação na análise de 16.000 imagens relacionadas a brasileiros, nigerianos, austríacos e portugueses em dois dos maiores bancos de imagens do ocidente. Identificamos que: a) cada API apresenta diferentes modos de etiquetamento das imagens; b) bancos de imagens representam visualidades nacionais com temas recorrentes, mostrando-se úteis para descrever figurações típicas emergentes; c) APIs de visão computacional apresentam diferentes graus de sensibilidade e modos de tratamento de imagens culturalmente específicas.

Para acessar o artigo completo clique aqui.

Diversidade étnica nos bancos de imagens, conheça o Nappy

Há cerca de um ano o Desabafo Social promoveu uma campanha de conscientização, questionamento e provocação sobre a homogeneização dos bancos de imagem. Depois da repercussão, o Shutterstock incluiu no mecanismo de busca um filtro de cor/etnia.

Porém, ainda hoje, sobretudo em plataformas gratuitas de bancos de imagens, é muito difícil encontrar diversidade e principalmente pessoas negras nas fotos. Para nós, profissionais de conteúdo e social media, é um desafio constante desenvolver um material próximo da realidade brasileira composta por uma população 54% negra.

Outro dia em conversa com amigas, a Nathália Alves indicou o Nappy, banco free com modelos negros em diversas situações.

No descritivo do site os criadores (que também são idealizadores da agência Shade) explicam:

Eu amo Unsplash, Pexels e Shot Stash, mas uma das coisas que notei é que todo o conteúdo deles poderia usar um pouco mais de diversidade. […] somos muito intencionais sobre a representação cultural no trabalho que fazemos. E por isso, nem sempre conseguimos encontrar as fotos que precisamos desses sites. […] Por exemplo, se você digitar a palavra “café” no Unsplash, raramente verá uma xícara de café sendo segurada por mãos pretas. É o mesmo resultado se você digitar termos como “computador” ou “viajar”. Você pode encontrar uma ou duas imagens, mas elas são muito raras. Mas os negros também bebem café, usamos computadores e certamente amamos viajar.

 

Considero essas iniciativas de extrema importância, ainda mais num contexto em que a diversidade têm se tornado pauta de forma relativamente massiva.