Afroempreendedorismo é tema de eventos em São Paulo

Na quarta-feira passada, 17 de maio, estive presente no evento ‘O ecossistema para a Promoção do Crescimento de Negócios de Alto Impacto Social’ promovido pelo BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Inova Capital – Programa de Apoio a Empreendedores Afro-brasileiros.

A programação contou com a presença de líderes de iniciativas civis e governamentais, empresários e participações internacionais para debater sobre investimentos, desafios e possibilidades do mercado para afroempreendedores. Entre os convidados estavam Ruth Pinheiro da ReafroLuana Marques Garcia fundadora do Inova Capital, Eugene Cornelius Jr da Small Bussines AdministrationVenita Fields da Pelham S2K, o professor Marcelo Paixão da Universidade de Austin-Texas que pesquisa economia e questões raciais e responsável pela pesquisa ‘Acesso ao crédito produtivo pelos microempreendedores afrodescendentes – desafios para a inclusão financeira no Brasil’, entre outros.

Destaco aqui a pesquisa apresentada pelo professor Marcelo Paixão da qual analisa o perfil de acesso ao crédito produtivo pelos microempreendedores (MEI’s) a partir da diferenciação de cor ou raça. O estudo, desenvolvido pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (LAESER) da UFRJ em parceria com o BID, é baseado em entrevistas de mil microempreendedores residentes das cidades do Rio de Janeiro e Salvador entre abril e junho de 2013.

A pesquisa aponta que os MEI’s pardos ou pretos, em comparação ao brancos, buscam menos por bancos na hora de obter crédito, pagam juros maiores, declaram incomodo dentro de estabelecimentos bancários e têm mais dificuldades no acesso a serviços financeiros. Entre os entrevistados negros 41,3% afirmam se sentir deslocados pela forma como são olhados dentro das instituições, 48,2% se sentem constrangidos e 60,8% declaram ser difícil ou muito difícil ter acesso ao crédito.

O estudo recomenda algumas políticas para a resoluções de problemáticas como essas destacadas acima, desde capacitação de agentes bancários, implementação efetiva de linhas de créditos para empreendedores negros, avaliação das regras aplicadas para liberação de crédito, entre outras sugestões.

É possível perceber que (também) nos espaços financeiros o racismo estrutural determina as regras. Mesmo a população negra no Brasil compondo 54% do país e movimentando, segundo a pesquisa Afroconsumo da Etnus, cerca de R$ 800 bilhões ao ano, ainda assim os bancos, principais interessados na rotatividade financeira ainda barram o acesso de pretos e pardos ao crédito, que para esses o pedido é recusado três vezes mais do que para brancos.

No dia seguinte, quinta-feira 18, participei do evento ‘Desvendando os códigos do afro-empreendedorismo’, conto mais sobre ele no próximo post.

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