Identificando notícias falsas e promovendo uma comunicação cidadã

A oficina “Identificando notícias falsas e promovendo uma comunicação cidadã” esteve entre as 32 oficinas do ciclo 2020 do Programa Agentes de Governo Aberto da Prefeitura Municipal de São Paulo. A atividade teve como objetivo compartilhar técnicas de checagem dos fatos e despertar no cidadão o seu importante papel na luta contra a disseminação de desinformação e discurso de ódio, além de dar insumo para o desenvolvimento de uma comunicação correta, transparente e cidadã.

Dentre os conteúdos, passamos por aspectos da comunicação e democracia, desinformação e discurso de ódio, o papel das plataformas de mídias sociais e buscadores, checagem dos fatos, contra-narrativas em rede e dicas de checagem na prática.

Passada o período do ciclo, deixo abaixo a apresentação utilizada e uma pasta de referências bibliográficas com mais de 50 artigos, livros e relatórios de institutos de pesquisa com acesso a quem tiver interesse.


Destaques da narrativa: do individual ao coletivo

A primeira tarefa de aquecimento da oficina foi a aplicação do Quiz das Fake News composta por 10 manchetes entre notícias verdadeiras e notícias do Sensacionalista para simular uma fake news (e para não reforçar o espalhamento de desinformação). Cada acerto valia 1 ponto, cerca de 340 pessoas participaram do quiz e o resultado médio ficou entre 5 e 6, como pode ser visto no gráfico abaixo.

Há determinados recortes na condução das reflexões e exemplos, sobretudo a partir da ideia de lugar de negro de Lélia Gonzalez e da concepção de que o discurso e a linguagem também são uma forma de violência. Portanto, alguns dos trabalhos utilizados como referência são:

Debates em torno de aspectos políticos e legislativos também foram abordados, a exemplo do plano de ação da ONU para o enfretamento do discurso de ódio e a discussão da PL das Fake News aqui no Brasil, sobretudo a partir dos apontamentos da Coalizão Direitos na Rede.

Além disso, ferramentas e a educação midiática são evidenciadas como importantes elementos na luta contra a desinformação e o discurso de ódio, como o Redes Cordiais e o Guia para influenciadores digitais nas eleições 2020, realizado em parceria com o InternetLab. Sobre ferramentas, foi disponibilizada a SMAT tool (Social Media Analysis Toolkit) para análise de trends e identificação de possíveis ações de bot e espalhamento de desinformação e o Disinformation Tracker que traz um mapeamento dos debates em torno do tema no continente africano.

Por fim, porém não menos importante, de que maneiras ficar atento e contribuir para a diminuição de compartilhamento de desinformação e discurso de ódio no dia-a-dia:

Oficinas de Governo Aberto 2020

Teve início no dia 15 de setembro e vai até dezembro o ciclo 2020 das Oficinas de Governo Aberto. Este ano, por conta do contexto pandêmico, as oficinas são online e em razão disso pessoas de fora do munícipio também podem participar das atividades.

Ao todo são 32 Agentes de Governo Aberto com oficinas distribuídas em 6 diferentes categorias temáticas: transparência, participação social, inovação, comunicação, controle social e processos legislativos.


Esse ano trago a oficina “Identificando notícias falsas e promovendo uma comunicação cidadã” que tem como objetivo compartilhar técnicas de checagem dos fatos e despertar no cidadão o seu importante papel na luta contra a disseminação de notícias falsas, além de dar insumo para o desenvolvimento de uma comunicação correta, transparente e cidadã.

Dentre os conteúdos abordaremos aspectos de comunicação e democracia, desinformação e discurso de ódio, o papel das plataformas, checagem dos fatos, contra-narrativas em rede e dicas de checagem na prática. Além da oficina, há uma pasta de referências bibliográficas com mais de 50 artigos, livros e relatórios de institutos de pesquisa que ficará a disposição do participante.

Já temos as datas das minhas oficinas do mês de outubro (abaixo) e estou agendando para movimentos sociais, grupos de pesquisas e demais turmas que queiram uma sala fechada. Quem tiver interesse na inscrição nas datas já disponíveis ou solicitar uma oficina, só entrar em contato por este formulário.



Mas como disse acima, são 32 oficinas diferentes. Tem muito conteúdo nos mais variados temas. Vou deixar abaixo alguns exemplos (com texto descritivo do site de divulgação). Se inscrevam. Todas as oficinas são gratuitas e certificadas.

Vivendo e Aprendendo – Tecnologia 60+

  • A oficina visa facilitar o uso dos aparelhos celulares, smartphones pelos idosos, aproveitando seus benefícios, como: consultas SUS, SP156, Meu INSS. Entender sobre Fake News e suas consequências e sobre compartilhamento consciente.

Controle social na prática: aprenda a garantir os seus direitos como cidadão

  • Para colocar o controle social em prática, o primeiro passo é exercer seus direitos. Esta oficina permitirá aos participantes conhecer seus direitos, cobrar seu cumprimento, exercer o controle social e combater a corrupção.

Criação de web rádio e podcast com softwares livres

  • Crie uma Web Rádio com transmissão ao vivo usando software livre, grave e publique como podcasts. Incentive a participação social com debates e conteúdos da sua comunidade.

Checa Fato – apurando e construindo informações

  • Nesta oficina, vamos ensinar formas de identificar e checar informações em fontes confiáveis e a produzir novas informações, construídas a partir de critérios jornalísticos.

Planejamento familiar: direitos da gestação ao parto

Você sabe o que é planejamento reprodutivo? Ou melhor, que ele existe? Pois é, esse é um dieito que você tem e será apresentado nesta oficina de governo aberto.

Mapas e combate à pandemia

  • Os mapas são instrumentos poderosos, há séculos utilizados no combate a epidemias e problemas de saúde pública. Com a pandemia do novo coronavírus observamos uma efervescente produção de mapas, com os mais diferentes usos, entre eles a análise da disseminação do vírus na cidade, fornecendo informações estratégicas para a definição de políticas públicas de combate a COVID-19. Nesse curso iremos explorar as relações entre os mapas e a saúde pública, com exemplos históricos, tais como o mapa da cólera, de 1850. Mais do que isso, já que esse não é apenas um curso teórico, juntos vamos explorar os dados territorializados disponibilizados pela Secretaria Municipal da Saúde para refletir sobre possíveis ações locais no enfrentamento da pandemia. Trata-se de uma abordagem teórico prática voltada a funcionários/agentes públicos e atores locais, que poderá contribuir para a definição de estratégias de enfrentamento na escala local.

Cartografeto – Cartografia Afetiva do território

  • A oficina irá promover a troca de saberes entre os participantes na construção de um processo de reconhecimento do seu território de vivência e potencialização do dialogo e convívio com as diferenças.

Chega de bagunça! Como a organização das informações públicas pode aumentar a participação social através da atuação de robôs

  • Venha discutir e aprender como a padronização na divulgação das convocações de reuniões e audiências permite a interpretação das informações por robôs e aumenta a participação social.

Uma web possível: criação de sites acessíveis

  • Há um tempo a internet é um, cada vez mais, importante meio de oferecimento de serviços, mas estes, nem sempre estão disponíveis para todos, e, podemos mudar essa realidade. Saiba como, construindo e apoiando uma web acessível e possível!

Governo Aberto e os cinco anos da Lei de Acesso à Informação

Três meses, vinte e cinco horas e nove atividades depois: chegou ao fim meu ciclo como Agente de Governo Aberto pela Prefeitura Municipal de São Paulo. O programa selecionou, via edital, 56 projetos relacionados aos temas transparência e dados abertos, gestão participativa e mapeamento colaborativo, inovação, tecnologia aberta e colaborativa e cultura digital e comunicação.

A atividade que propus se encaixa na temática cultura digital e comunicação, da qual resgato o histórico dos cinco anos da Lei de Acesso à Informação, mostro o passo a passo para se fazer pedidos e como encontrar dados da transparência ativa. A oficina ainda instiga os participantes a criar, a partir dos dados obtidos, conteúdos acessíveis para mídias sociais, ferramentas que usamos cotidianamente e que são, de certo modo, mais democráticas que outras mídias (tv, rádio, jornal, revistas, etc). As minhas sugestões giram em torno de softwares livres para a criação e edição de conteúdo, como Libre Office para textos, planilhas e apresentações; Gimp para edição de imagens;  WordPress.org para o desenvolvimento de blogs e Wikipedia para criação de memórias com foco em bairros e movimentos sociais.

Realizei oficinas com conselheiros municipais da Zona Leste, para educadores e jovens da Gol de Letra, para profissionais de pesquisa e comunicação no Instituto do Legislativo Paulista, Escola do Parlamento, FESP/SP e no IBPAD e para estudantes dos cursos de serviços jurídicos da Etec Cepam. É muito interessante observar como cada público compreendeu os benefícios políticos e sociais do acesso à informação. Desde os conselheiros que naquele momento lidavam com o decreto que reduz a participação social, aos jovens da Gol de Letra que estão desenvolvendo pesquisa sobre a memória da Vila Albertina e viram (não que eles já não soubessem), via dados da Geo Sampa, o quanto a região é carente de aparelhos públicos de cultura, segurança e transporte. Conheci estudantes que estão desenvolvendo pesquisas a partir de dados governamentais, jornalistas que utilizam dados abertos para embasar suas matérias e muitos outros casos.

A base bibliográfica conta com materiais da Artigo 19, da Open Government Partnership, do Portal Acesso à Informação, Relatório do Achados e Perdidos e o Relatório Open Government Data: Assessing demand around the world e por fim, sugiro a quem pretende se aprofundar no tema conhecer os grupos de pesquisa sobre internet e política e ir ao II Encontro Brasileiro de Governo Aberto que acontece nos dias 28 e 29 de novembro no CCSP.

Aproveito para agradecer a todos que ajudaram com sugestões de locais para a realização das oficinas, a todos que me receberam com muito carinho e aos que colaboraram com as articulações, em especial equipe da SP Aberta, coletivo 21N e coletivo Preta&Acadêmica. Há um novo ciclo de oficinas acontecendo pela cidade, quem tiver interesse basta entrar em contato com a SP Aberta (saopauloaberta@prefeitura.sp.gov.br).

Abaixo a apresentação utilizadas nas oficinas: